ECO, Umberto. “A literatura contra o efêmero”.
Por Edina Felizardo
Os livros são fundamentais para a formação do mundo e da linguagem. Alguns personagens são imutáveis fazendo com que leitores aceitem seu destino a exemplo deles, enquanto outros oferecem total liberdade de interpretação. A literatura tradicional serve para elevar o espírito, ampliar nosso conhecimento, ou ainda, para enriquecer o léxico.
Dante condena vários dialetos italianos e com o passar dos séculos o vulgar dantesco torna-se uma língua falada por todos. Hoje, temos a linguagem neotelegráfica que ocorre por meio de correios eletrônicos utilizada por jovens. Devido à liberdade de interpretação dos textos literários é necessário o devido respeito pela intenção do texto. Cada leitor interpreta de uma maneira, mas não deve deixar de lado a intenção do autor em relação ao texto. Conhecemos os personagens pelos textos que são como partituras musicais. No entanto, alguns personagens mudam por meio de adaptações. Um exemplo é a história do Chapeuzinho Vermelho que possui finais diferentes. Os leitores podem identificar-se com alguns personagens, ter variações sentimentais, mas não deve fugir da realidade, separando o real do imaginário.
O hipertexto é uma espécie de texto da internet que nos permite a prática da escrita livre, permitindo-nos a escrever textos em grupos modificando o rumo que ele teria. Possibilita-nos a criatividade e a liberdade na escrita, foge das regras dos textos clássicos. Antes dos hipertextos, existiu um projeto chamado “Le Livre” dos escritores surrealistas; poemas, livros móveis da segunda vanguarda.
As narrativas imodificáveis contrariam o nosso desejo de mudar o destino. Em os miseráveis, por exemplo, Napoleão não poderia ganhar a batalha porque esta era a vontade de Deus, a nós cabe apenas aceitar a vontade dele.
O professor de língua e literatura precisa tornar a leitura tão atrativa quanto os meios de comunicação, uma vez que o acesso a esses meios está cada vez mais fácil, enquanto os livros é uma realidade distante da maioria dos alunos. A escola é um ambiente centralizador de informações permitindo ao professor utilizar os meios de comunicações para trabalhar a crítica, os valores, promovendo debates transformando informações em conhecimentos. Dessa forma, os alunos aprendem a diferenciar o certo do errado, o bom do ruim.
A tecnologia faz com que a informação não seja privilégio de poucos. Porém, interpretá-las, fazer um bom uso, desenvolver o espírito crítico e o conhecimento, caberá ao professor trabalhar isso com os alunos. O conhecimento que o aluno tem do mundo, o senso crítico, fará com que eles se interessem pela leitura de livros. Tanto a mídia quanto os livros tem sua função, um não poderá jamais substituir o outro. Não devemos ficar lutando contra a TV e a internet, o que devemos fazer é utilizá-los para tornar a leitura mais atrativa. Algumas sugestões podem ser seguidas, como por exemplo: levar comentários e noticias sobre livros que estão na mídia; não impor ao aluno qual é a obra que deverá ler; respeitar o gosto de cada um; expor opiniões dos alunos de livros que leram; levar os alunos para conhecer a biblioteca, mostrar que gostamos de ler, afinal, servimos de exemplo. Mostrar a nossa paixão pela leitura e a importância que ela exerce na humanização do homem, construindo um mundo mais justo.
A leitura da literatura trás diversos benefícios, um deles são os conhecimentos que o aluno adquire através da leitura os quais são fundamentais para sua formação. Podemos chamar estes conhecimentos de capacidades e competências adquiridas por meio de treinos específicos do intelecto.
Para desenvolver essa capacidade e competência da leitura é necessário que os textos literários façam sentido na formação individual e social da vida do aluno.
A escola fornece bases para que se possa aprender com textos e discursos ao longo da vida. Jacinto do Prado Coelho fala da importância de ensinar a ler, ou seja, ler não é apenas codificar, mas sim compreender, analisar e interpretar um texto. A interação entre autor, texto, leitor é fundamental para desenvolver uma boa leitura. A prática da construção da leitura tem em vista a compreensão e interpretação do texto, sendo função do professor ensinar, motivar o aluno a pratica de leitura. Os obstáculos encontrados pelos professores são: a falta de motivação do aluno para ler, a carga horária excessiva dos professores, elevado número de aluno em sala de aula e falta de disciplina. Esta prática consiste em ter um objetivo para ler determinado texto, que sentido tem o texto e que lugar ele ocupa na vida do aluno. A falta de motivação pode estar associada à cultura, o não contato com os livros, ou de ordem cognitiva, leitura limitada do aluno. Os obstáculos encontrados podem estar relacionados com a temática, a falta de capacidade de estabelecer analogias, de pensamento criativo, o não entendimento de significados das imagens ou ainda a percepção das conexões macrotextuais o que causa o baixo rendimento da leitura.
O aluno não gosta de ler porque não sabe. O professor precisa criar estratégias de motivação para incentivar a aprendizagem de compreensão e interpretação. Para que os alunos compreendam os textos é preciso relacioná-los com a experiência pessoal de cada um, suas vivencias, afetos e perspectivas do mundo em que vive sem esquecer o foco principal que é o próprio texto.
A prática de subsídios didáticos sobre os textos deve considerar a compreensão, o grau de dificuldade, objetivos que pretende atingir para poder encontrar estratégias adequadas.
A não cultura escolar dos alunos não pode ser desculpa para a ausência da leitura compreensiva.
Não se pode pensar o ensino dos saberes literários sem o ensino de competência de leitura.
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