sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda (1688–Padre António Vieira)

Capítulo l
1. Com protestos dá fim o Profeta Rei ao Salmo 43 que parece ter sido feito para a ocasião presente. Está retratado nas cláusulas dos Salmos, todo o destino de Portugal.
2. Tendo a história de Portugal tantas conquistas que trazem na memória felicidades passadas, parece agora que Deus abandonou-o, acostumado a vencer está perdendo suas terras, casas e a pátria, se pudesse salvar ao menos a honra, mas os que veneravam e temiam já o despreza.
3. A fatalidade de um Sebastião não sepultará com ele os reis portugueses. Como Deus é rei e é o rei quem governa, então é Deus quem causa as diferenças não os outros reis.
4. Tomando as palavras de Davi como exemplo que quase acusa Deus de descuidado, como se ele estivesse dormindo, pede que não deixe os danos chegar ao fim. Como Davi supõe que Deus não tem resposta, protestando diz que ele tem obrigação de ajudá-lo e logo.
5. O sermão dirigido a Deus não pede favor mas justiça já que a causa não é os portugueses e sim de Deus.
Capítulo ll
1. Por mais que não entenda as obras de Deus, ele é sempre justo, não nos castigará por mais que merecemos.
2. Mesmo quando um povo merece muito ser castigado da parte de Deus é maior a razão para não castigá-lo. Toma como exemplo o que aconteceu com o povo de Israel e o bezerro de ouro.
3. A fé dos holandeses não é maior do que a dos portugueses
4. O herege é premiado e o católico castigado, favorece os infiéis, excomunga os ímpios.
5. Deus da bondade seria justo favorecer os holandeses, desfavorecer os portugueses.
Capítulo lll
1. Diz São Paulo que Deus quando dá não se arrepende, então não pode tirar as terras que deste aos portugueses.
2. Não deve Deus tirar a terra daqueles que escolheu para conquistadores dá fé.
3. Depois de tanto sangue, conquistas, mares abertos nunca antes navegados, tantas descobertas que são frutos do trabalho, depois de tantos ventos, tempestades, perigos enfrentados, tantas mortes, não podem os portugueses agora perder o que ganharam.
4. Se Deus desejava dar estas terras aos holandeses, porque não fez isso quando elas ainda eram agrestes e incultas, antes de enriquecê-las.
5. Pode ser que um dia Deus precise dos espanhóis e portugueses, não os encontrarás, então os holandeses sacrificar-se-ão, espalharão a religião católica, venerará tão religiosamente, justo aquele inferno que está se fazendo lá todos os dias?
Capítulo IV
1. Os portugueses que eram os convidados para a mesa do Senhor, não os cegos sem fé, os mancos sem obras. Como pode agora dar o lugar dos portugueses para estes hereges?
2. Deve Deus manter as lâmpadas dos portugueses acesas e não abrir a porta para quem tem as lâmpadas apagadas.
3. Deus arrependeu-se da tragédia que causou (dilúvio), então é melhor que se arrependa antes que seja tarde em castigar os portugueses com sua cólera e ira.
4. Se há tanto rigor para quem ofendeste Maria, porque agora não é rigoroso com os hereges?
5. Se Portugal perder o Brasil para os holandeses, os altares serão derrubados, acabará a cristandade católica, o culto divino, passará o Natal, ninguém se lembrará de seu nascimento, passará a Quaresma, a Semana Santa e não celebrarão os mistérios da vossa paixão, nascerão calvinistas e luteranos.
Capítulo V
1. Deus que é justo e misericordioso não pode deixar de castigar o Brasil, tendo tantos pecados.
2. Davi pediu perdão por seus pecados que eram tantos, assim como Jô o fez também. Se Deus por justiça tem razão para castigar, para perdoar e desistir do castigo tem outra razão maior, que é a de sua glória.
3. Ao perdoar aumenta sua glória por isso não diga que não perdoais.
4. A grandeza e a glória de vossa infinita onipotência estão em perdoar e usar a misericórdia. Ao castigar Deus vence os homens, ao perdoar vence a ele mesmo que é todo poderoso e infinito.
5. Se sois Jesus salvador que seja salvador nosso, s sois o Sol que seja o Sol de justiça antes que acabe este dia, perdoai-nos, Senhor, para que aprendamos a perdoar e a nosso exemplo que perdoamos a todos.

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