BOM SABER



___________________________________________________________________________________

ROMANCE DE CAVALARIA

POR EDINA FELIZARDO




O de maior interesse dos estudiosos da literatura portuguesa é o ciclo de betrão porque foi o que deixou maiores reflexos entre nós.


Enquanto as canções de gestas cantavam os prazeres dos sangues, as novelas de cavalarias da época do ciclo de betrão tinham como características a imaginação mística, devoção amorosa, muito lirismo contemplativo, sonhador e sentimental.


As novelas do ciclo de betrão são derivadas da lenda do Rei Artur, herói que derrota os saxões e apodera-se da Inglaterra, rei semi-histórico dos bretões, e seus cavaleiros da Távola Redonda; figuras como Tristão e Isolda, Fernão Lopes que indica Galaaz como modelo de Nuno Álvares Pereira e traduções, entre elas as dos cinco poemas narrativos bretões incluídos no cancioneiro da ajuda e a tradução da Demanda do Santo Graal, o mais antigo texto em prosa literária que se conhece em língua portuguesa.


Santo Graal, cálice sagrado usado por Jesus Cristo na Última Ceia. Mais tarde, aparece como objetivo das buscas empreendidas pelos cavaleiros do legendário rei Artur em suas aventuras. Segundo a tradição, o Graal foi guardado por José de Arimatéia, que o utilizou para recolher o sangue de Cristo crucificado. O Santo Graal aparece no romance medieval de Parsifal, jovem que queria alcançar o título de cavaleiro da corte do rei Artur. Devido as virtudes de valentia e castidade Galaas, filho de Lançarote obteve o vaso sagrado.


Bernardim Ribeiro, escritor e poeta da corte portuguesa, considerado um dos primeiros bucolista, introdutor do estilo pastoril italiano. Suas descrições da ânsia do amor que não foi correspondido deixaram um impacto duradouro na literatura portuguesa. Livros das saudades, também conhecido como menina e moça, que foi considerada sua obra principal. Esta obra não é uma novela de cavalaria por não mantém apenas cavaleiros, mas cavaleiros pastores, é uma obra realista que relata amores humanos, triviais, uma novela autobiográfica onde seus protagonistas pode realmente ter existido.


Na idade medieval existiam livros de linhagens também conhecidos como nobiliários onde eram feitas anotações biográficas de famílias nobres. Não tiveram grande importância na história nacional a não ser para o estudo da língua por conter vocábulos e locuções que facilita os estudos dos filólogos e uma lingüística facilitadora da compreensão de sua origem.


Amadis que nascera de um amor às escondidas, tornando-se um cavaleiro valente, gentil, fiel ao amor de Oriana, a qual o ama secretamente. Este é um romance de cavalaria com características de romance quase moderno, um cavaleiro honrado o qual deveria ser imitado. Cumpre seus deveres de cavaleiro com valentia, mas isso não o impede de amar e ser fiel ao seu amor.






___________________________________________________________________________________

Ensino da Língua Portuguesa



Por Edina felizardo
Muitas teorias de linguaguem são estudadas e debatidas. Entre elas temos a sociolinguística voltada para as variações da língua, a análise do discurso relacionada a ideologia (sujeito-linguagem-história), a Semântica que se preocupa com a função e uso dos significados, a linguística textual que tem como objeto o texto. Até o século XX, a literatura era tida como base para transmitir a norma culta da língua, valores religiosos, morais e cívicos. Na decada de 70 o ensino literário passa a ter como base o estudo do texto considerando as estruturas formais (rimas, escansão de versos, ritimo, estrofes, etc). Lamentavelmente, esta prática ainda permanece em algumas escolas limitando a leitura dos alunos. Uma outra prática que deve ser desconsiderada é de ultilizar textos para ensinar gramática.

Atualmente, a literatura deve servir de base para despertar o espírito crítico e criativo do aluno, incentivando a reflexão e a compreensão que ele tem dele mesmo e do mundo em que vive. Nos anos 80 esta pedagogia foi chamada de histórico-crítica centrada no texto/contexto e na interação social das práticas discursivas. Na década de 90 os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) propõe uma diciplina de língua portuguesa interacionista dialógica reflexiva e produtiva. Enfatizar a compreesão dos textos e não se deter apenas a nomenclatura da gramática tradicional, desenvolvendo uma liguagem política, social, econômica e cultural, considerando os aspectos sociais e históricos em que o aluno está inserido aprimorando seus conhecimentos linguíticos e discursivos. A escola é o meio que promove a leitura, oralidade e escrita tornando mais fácil para o aluno a prática de uso da língua através da ultilização de suportes tecnológicos para obter um melhor desempenho. Uma escola democrática deve considerar as variações linguísticas e as origens dos alunos, para sociolinguística essas variações atendem diferentes propósitos comunicativos.

A escrita ou a produção textual deve partir do momento em que o professor faça circular diferentes tipos de textos na sala de aula, e não de conceitos e definções textuais apresentadas por ele, o principal objetivo é aperfeiçoar a escrita atravéz da prática e das esperiências sociais, ampliando o conceito de gênero discursivo do aluno fazendo com que ele se posicione na sociedade. Ao ler, o leitor busca os seus conhecimentos impíricos, considerando sua formação familiar, religiosa e cultural. Praticar uma boa leitura consiste em compreender o texto, confrontá-lo com as experiências vividas, reconhecer as vozes sociais e as ideologias presentes no discursos. A literatura transforma a sociedade e humaniza homem, sendo ela psicológica, formadora e social, permite a fulga da realidade, forma o sujeito atravéz da educação, com capacidade de sentir e expresar-se, uma relação entre obra/autor/leitor. Para ter uma leitura coerente o leitor deve seguir as pistas que o direcionam posibilitando a ele várias interpretações

O aluno ao ir à escola, já possui um conhecimento prático dos princípios da linguagem, no entanto cabe ao professor ensinar a partir da observação e análise da língua em uso, criando oportunidades de reflexão e construção para melhor compreender como a língua funciona. O texto passa a ser objeto de ensino deixando de lado a nomenclatura gramatical e os exercícios tradicionais, adequado-o considerando o destinatário.

A análise linguística propõe que a gramática seja trabalhada dentro de um texto fazendo com que os alunos conheçam os diferentes tipos textuais adequando-os a cada situação. O aluno deve perceber a difereça entre texto falado e escrito, tendo opção de escolha quanto ao tema e a estrutura, tendo em vista o interlocutor. As diretrizes diferencia ensino de gramática e prática de análise linguística: a gramática tem uma concepção de língua como sistema, estrutura inflexível e invariável separando a leitura e produção de texto, trabalha regras, treinamento, dando ênfase aos conteúdos gramáticais centralizando a norma padrão, privilegia a palavra, a frase e o período, dá preferência aos execícios estruturais. Já a análise linguística privilegia o texto, atividades de pesquisa que exigem comparação e reflexão sobre adequações e efeitos de sentido. Ela vê a língua com ação interlocutiva sujeita às interferências do falante, é reflexiva baseada na indução, da ênfase a leitura e a produção textual nos usos como objeto de ensino centralizando os efeitos de sentido

As diretrizes traz quatro tipos de gramática: a gramática normativa, que estuda os fatos da língua culta, em especial a escrita com regras a serem seguidas; a gramática descritiva, que descreve as variações linguísticas a partir do seu uso, dá preferência a oralidade; a gramática internalizada, que é um conjunto de regras dominadas pelo falante; a gramática reflexiva, que são atividades de observação e reflexão da língua, preocupa-se mais com o processo do que com seu resultado.

É importante considerar essas quatro gramáticas no processo de ensino de língua portuguesa, considerando como ponto de partida a interlocução. O professor deve instigar o aluno a um saber linguístico mais elaborado conduzindo-o as atividades epilinguísticas e metaliguísticas. O contato do aluno com diferentes gêneros discursivos (orais e escritos) facilitará a assimilação das regularidades do uso da língua em diferentes grupos sociais e situações. O estudo reflexão da análise linguística acontece por meio de práticas de oralidades, leitura e escrita atravéz de atividades preparadas pelo professor, preparando o aluno para usar a língua em situações formais ou informais, adequando a linguagem conforme as circuntâncias. As diretrizes reconhece as variações linguísticas como legítma, não considera uma única forma como sendo a correta. O professor deve trabalhar os gêneros testuais visando o aprimoramento linguístico e argumentativo ensinando o aluno a se posicionar diante da sociedade expressando suas ideias com segurança.

No momento da escrita, aluno e professor precisam planejar o que será produzido, escolher o tema, definir um objetivo, organizar ideias pensando no espaço em o texto vai circular pensando nos interlocutores. A qualidade de um texto depende da prática, logo planejar, escrever, revisar e rescrever um texto não pode ser para o aluno motivo de constrangimento mas de aprimorar a qualidade textual enfatizando o ponto de vista, a reflexão e a criatividade do aluno.

A leitura é dialógica e interlocutiva, considera também as linguagens não- verbais. O professor é o mediador dando condições ao aluno para atribuir sentidos as leituras feitas por ele se tornando crítico perante a sociedade, percebendo o que está implícito no texto, identificando as verdadeiras intenções contidas nos textos posicionando-se diante delas. Alguns textos permitem uma interpretação mais ampla, como é o caso dos textos literários, outros são mais restritos como por exemplo os textos burocráticos. A escola precisa apresentar ao aluno uma variedade de texto para que ele experimente as múltiplas possibilidades de interpretação textual.

Para o ensino da literatura o professor precisa ter um plano de trabalho. Primeiro deve observar o dia-a-dia da sala de aula, analisar o interesse e o nível de leitura dos alunos, discutir textos, visitar bibliotecas e expor livros. O segundo plano seria apresentar textos que possam ser relacionados com o conhecimento de mundo e experiência adiquiridas pelos alunos por meio de leituras. O terceiro seria a expectava do aluno que deve ser ampliada aprofundando seu conhecimento, podendo ou não satisfazê-lo. O quarto passo é fazer com que o aluno perceba que o texto ampliou seus horizontes. A última etapa seria justamente a ampliação dos horizontes e expectativas tendo o aluno conciência dessas mudanças e aquisições.

A literatura pode causar uma sensação de prazer, “um saber com sabor”. O professor precisa mostrar ao aluno que sente prazer em ler, que ama a literatura, através do gosto do professor é que se pode dispertar no aluno o gosto pela leitura pela literatura.



DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA LÍNGUA PORTUGUESA. PARANÁ, 2008.




___________________________________________________________________________________

ECO, Umberto. “A literatura contra o efêmero”.


Por Edina Felizardo


Os livros são fundamentais para a formação do mundo e da linguagem. Alguns personagens são imutáveis fazendo com que leitores aceitem seu destino a exemplo deles, enquanto outros oferecem total liberdade de interpretação. A literatura tradicional serve para elevar o espírito, ampliar nosso conhecimento, ou ainda, para enriquecer o léxico.
Dante condena vários dialetos italianos e com o passar dos séculos o vulgar dantesco torna-se uma língua falada por todos. Hoje, temos a linguagem neotelegráfica que ocorre por meio de correios eletrônicos utilizada por jovens. Devido à liberdade de interpretação dos textos literários é necessário o devido respeito pela intenção do texto. Cada leitor interpreta de uma maneira, mas não deve deixar de lado a intenção do autor em relação ao texto. Conhecemos os personagens pelos textos que são como partituras musicais. No entanto, alguns personagens mudam por meio de adaptações. Um exemplo é a história do Chapeuzinho Vermelho que possui finais diferentes. Os leitores podem identificar-se com alguns personagens, ter variações sentimentais, mas não deve fugir da realidade, separando o real do imaginário.
O hipertexto é uma espécie de texto da internet que nos permite a prática da escrita livre, permitindo-nos a escrever textos em grupos modificando o rumo que ele teria. Possibilita-nos a criatividade e a liberdade na escrita, foge das regras dos textos clássicos. Antes dos hipertextos, existiu um projeto chamado “Le Livre” dos escritores surrealistas; poemas, livros móveis da segunda vanguarda.
As narrativas imodificáveis contrariam o nosso desejo de mudar o destino. Em os miseráveis, por exemplo, Napoleão não poderia ganhar a batalha porque esta era a vontade de Deus, a nós cabe apenas aceitar a vontade dele.
O professor de língua e literatura precisa tornar a leitura tão atrativa quanto os meios de comunicação, uma vez que o acesso a esses meios está cada vez mais fácil, enquanto os livros é uma realidade distante da maioria dos alunos. A escola é um ambiente centralizador de informações permitindo ao professor utilizar os meios de comunicações para trabalhar a crítica, os valores, promovendo debates transformando informações em conhecimentos. Dessa forma, os alunos aprendem a diferenciar o certo do errado, o bom do ruim.
A tecnologia faz com que a informação não seja privilégio de poucos. Porém, interpretá-las, fazer um bom uso, desenvolver o espírito crítico e o conhecimento, caberá ao professor trabalhar isso com os alunos. O conhecimento que o aluno tem do mundo, o senso crítico, fará com que eles se interessem pela leitura de livros. Tanto a mídia quanto os livros tem sua função, um não poderá jamais substituir o outro. Não devemos ficar lutando contra a TV e a internet, o que devemos fazer é utilizá-los para tornar a leitura mais atrativa. Algumas sugestões podem ser seguidas, como por exemplo: levar comentários e noticias sobre livros que estão na mídia; não impor ao aluno qual é a obra que deverá ler; respeitar o gosto de cada um; expor opiniões dos alunos de livros que leram; levar os alunos para conhecer a biblioteca, mostrar que gostamos de ler, afinal, servimos de exemplo. Mostrar a nossa paixão pela leitura e a importância que ela exerce na humanização do homem, construindo um mundo mais justo.
A leitura da literatura trás diversos benefícios, um deles são os conhecimentos que o aluno adquire através da leitura os quais são fundamentais para sua formação. Podemos chamar estes conhecimentos de capacidades e competências adquiridas por meio de treinos específicos do intelecto.
Para desenvolver essa capacidade e competência da leitura é necessário que os textos literários façam sentido na formação individual e social da vida do aluno.
A escola fornece bases para que se possa aprender com textos e discursos ao longo da vida. Jacinto do Prado Coelho fala da importância de ensinar a ler, ou seja, ler não é apenas codificar, mas sim compreender, analisar e interpretar um texto. A interação entre autor, texto, leitor é fundamental para desenvolver uma boa leitura. A prática da construção da leitura tem em vista a compreensão e interpretação do texto, sendo função do professor ensinar, motivar o aluno a pratica de leitura. Os obstáculos encontrados pelos professores são: a falta de motivação do aluno para ler, a carga horária excessiva dos professores, elevado número de aluno em sala de aula e falta de disciplina. Esta prática consiste em ter um objetivo para ler determinado texto, que sentido tem o texto e que lugar ele ocupa na vida do aluno. A falta de motivação pode estar associada à cultura, o não contato com os livros, ou de ordem cognitiva, leitura limitada do aluno. Os obstáculos encontrados podem estar relacionados com a temática, a falta de capacidade de estabelecer analogias, de pensamento criativo, o não entendimento de significados das imagens ou ainda a percepção das conexões macrotextuais o que causa o baixo rendimento da leitura.
O aluno não gosta de ler porque não sabe. O professor precisa criar estratégias de motivação para incentivar a aprendizagem de compreensão e interpretação. Para que os alunos compreendam os textos é preciso relacioná-los com a experiência pessoal de cada um, suas vivencias, afetos e perspectivas do mundo em que vive sem esquecer o foco principal que é o próprio texto.
A prática de subsídios didáticos sobre os textos deve considerar a compreensão, o grau de dificuldade, objetivos que pretende atingir para poder encontrar estratégias adequadas.
A não cultura escolar dos alunos não pode ser desculpa para a ausência da leitura compreensiva.
Não se pode pensar o ensino dos saberes literários sem o ensino de competência de leitura.


_________________________________________________________________________________

ARCADISMO (poema de Tomás Antônio Gonzaga)
Por Edina Felizardo


O arcadismo neoclássico tem como característica o bucolismo (poesia campestre) e a idealização da realidade da vida na natureza. No poema de Tomás Antônio Gonzaga, estas características ficam visíveis por se tratar do cotidiano da época, e da vida do homem do campo. “Tenho próprio casal e nele assisto; dá-me vinho, legume, fruta, azeite e mais as finas lãs, de que me visto.” “É bom, minha Marília, é bom ser dono de um rebanho.” (p. 165)


O homem idealizado representado no poema é completamente desprendido de bens materiais, apaixonado pela natureza, “Já destes bens, Marília, não preciso [...] Para viver feliz, Marília, basta que os olhos movas, e me dês um riso.” (p. 166)


A preocupação na escolha das palavras relacionadas com a natureza representa o pastoralismo onde ele rima floresta com quente sesta, pastores com louvores, campinas com boninas, morte com serra e sorte com terra.


Podemos comparar o poema de Gregório de Matos, A Jesus Nosso Senhor, com o de Gonzaga, ambos fogem da literatura clássica dando lugar a literatura arcaica. Devemos aproveitar o momento, viver o dia, (Carpe Diem) a efemeridade da vida; viver o amor, as situações do momento, cometer todos os pecados que desejarmos na certeza de que seremos perdoados.


O poeta utiliza de uma linguagem simples, fácil de entender, mais uma das características do arcadismo.


Há presença de diálogo no poema que é também endereçado à Marília, podemos comprovar isso através dos versos “É bom, minha Marília, é bom ser dono de um rebanho, que cubra o monte e prado; porém, gentil pastora, o teu agrado vale mais que um rebanho e mais que um trono.” (p. 165). O endereçamento e a presença de diálogo são comuns no arcadismo.


O autor fala da aparência, dos dotes que possui, da valentia. “Eu vi meu semblante numa fonte”, é apenas aparência externa, superficial, “Com tal destreza toco sanfoninha” e “Nem canto letra que não é minha” são dotes e qualidades que não revelam que tipo de homem ele é. Percebemos a admiração que ele tem por Marília, porém não nos permite conhecer o seu psicológico.


Um poema neoclássico que não apresenta o “eu” do autor. O que se destaca no poema é a exaltação da natureza a qual ele compara com a beleza de Marília. Mesmo utilizando uma linguagem simples o autor preocupa-se com as rimas, com os temas que são relacionados com a realidade da vida cotidiana das pessoas. Deixa de lado a poesia clássica, porém mantém recursos formais próprio da poesia popular, a linguagem simplificada.


O ideal de vida simples e tranquila são encontrados no poema nos versos 5, 6, 7, 8 na p. 166, já citados no início deste texto, ou ainda, nos versos 51, 52, 53, 54, “Irás a divertir-se na floresta, sustentada, Marília no meu braço; aqui descansarei a quente sesta, dormindo em leve sono em teu regaço;” (p. 166).

________________________________________________________________________________


João Cabral de Melo Neto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – UNICENTRO
LITERATURA BRASILEIRA II – POESIA BRASILEIRA

Nome do trabalho: João Cabral de Melo Neto
Autores: Denise Almeida, Edina Felizardo e Marcio Winchuar
Professora: Rosana Gonçalves
Data de apresentação: 23/11/2009


João Cabral de Melo Neto



“Os poetas que escrevem por escassez de ser, como eu, planejam livros, tem um vazio a preencher. Os outros transbordam.”




Introdução

Poeta nascido em Recife (1920), João Cabral de Melo Neto teve sua terra natal como uma das principais temáticas na composição de suas obras. Dessa maneira, o autor faz da Zona da Mata e do Sertão nordestino seus universos poéticos, remetendo o leitor, principalmente, à vegetação escassa da caatinga e à dor do agreste brasileiro. Escritor de personalidade sensível e obsessiva, João Cabral utilizava-se de uma linguagem seca e afirmava que suas obras eram feitas de “pedra” e “a palo seco”, constituindo, assim, uma poesia concreta e visual, principal objeto de estudo do presente trabalho.

Objetivos

1.Estudar a formação da estética cabralina e contrastá-la com a dos demais poetas da geração de 1945;

2. Analisar o cenário nordestino como uma das principais temáticas de suas obras.

Justificativa

Segundo estudiosos, a poesia cabralina desencadeia uma revolução formal na história da poesia nacional e, por isso, é considerada um marco dentro da literatura. Augusto de Campos, poeta e ensaísta, afirmou que “João Cabral de Melo Neto não tem antecedentes, mas sim consequentes”, pois o autor pernambucano utilizou-se de uma estética nunca antes experimentada pelos demais poetas brasileiros.
Portanto, é de fundamental importância que a obra literária de João Cabral seja estudada, devido à originalidade e ousadia do poeta ao compor uma forma poética inexplorada que transformou a literatura brasileira.

Revisão Teórica

Segundo Edgar Allan Poe, “a originalidade (a não ser em espíritos de força comum) de modo algum é uma questão, como muitos supõem, de impulso ou intuição. Para ser encontrada, ela, em geral, tem de ser procurada trabalhosamente e, embora seja um mérito positivo da mais alta classe, seu alcance requer menos invenção que negação”. Nesse sentido, João Cabral “abandona todo o improviso” e recusa os limites do verso, a fim de construir uma poesia não-lírica e não-confessional.
“O poeta não é apenas uma pessoa mais consciente do que as outras; é também individualmente distinto de outra pessoa, assim como de outros poetas, e pode fazer com que seus leitores partilhem conscientemente de novos sentimentos que ainda não haviam experimentado.” (ELIOT, 1991, p. 31)
Sentimento esse demonstrado por João Cabral em Morte e Vida Severina, ao introduzir o leitor a um mundo de realidade miserável, a realidade dos nordestinos.

O Poeta Engenheiro


“Uma palavra,
uma sílaba,
uma letra,
uma pedra,
um tijolo.”


Além da temática da vida sofredora dos nordestinos, João Cabral de Melo Neto também tinha como tema a reflexão do próprio fazer poético, a metapoesia. Acreditando que a poesia é muito mais visual do que auditiva, o autor afirmava: “Para mim a poesia é uma construção, como uma casa. Isso eu aprendi com Le Corbusier.”
Devido ao temperamento angustiado e fechado, João Cabral foi um poeta não-musical e “avesso à melodia e à musicalidade do verso”, mesmo tendo vivido longos anos em meio à “exuberância sonora” do estado de Pernambuco.
O autor pertencia à geração de 1945, mas opôs-se à estética proposta pela mesma. Enquanto os demais poetas de sua geração, tais como Péricles da Silva Ramos, Ciro Pimentel e Domingos Carvalho da Silva buscavam o retorno às formas tradicionais do verso, como o soneto e eram, em grande maioria, parnasianos, João Cabral considerava-se um poeta construtivista e utilizava a liberdade na construção do verso.

O retrato do povo nordestino

O poeta afirmava: “O homem para mim é, precisamente, o homem sofredor do Nordeste. O homem que me interessa é o cidadão miserável do Nordeste, cujo futuro, menos miserável, está ligado ao desenvolvimento do Brasil”.
Sempre consciente da situação do Nordeste brasileiro, não foi por acaso que João Cabral escreveu os livros Pedra do sono (1942) e A educação pela pedra (1966). As obras trazem no título a palavra pedra, principal símbolo da “secura sertaneja e do solo pedroso da região”.
Ao abordar algumas paisagens nordestinas, o poeta não visa apenas fazer uma descrição topográfica da região, mas sim uma denúncia das más condições de vida no sertão, além de demonstrar sua preocupação com a classe nordestina explorada.
Deste modo, o poeta enfatiza que “nenhum nordestino é indiferente ao meio em que vive, em que se criou.”

Conclusão

Por meio deste trabalho, foi possível compreender a importância de João Cabral de Melo Neto na literatura brasileira, seja ela constatada através de sua forma revolucionária na construção poética ou através da problematização social envolvendo o sertão nordestino.
Enfatiza-se também, a originalidade do poeta ao se utilizar de uma linguagem seca, gerando uma poesia objetiva, concreta e inovadora, demonstrando sua oposição ao sentimentalismo e ao romantismo, principais cursos da poética nacional.

Referências Bibliográficas

FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna. 2ª ed. São Paulo: Duas Cidades, 1991.
ELIOT. T. S. De poesia e poetas. (tradução e prólogo de Ivan Junqueira). São Paulo: Brasiliense, 1991.
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
NEJAR, Carlos. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Relume Dumará : Copesul : Telos, 2007.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. 35. ed. Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1993.
SOARES, Angelica Maria Santos. O poema, construção às avessas: uma leitura de João Cabral de Melo Neto. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.

_____________________________________________________________________________________

A poética de Camilo Castelo Branco

 Por Edina Felizardo


Temos como objetivo apresentar a poética da narrativa reinventada por Camilo Castelo Branco chamada de Poética do Romance Camiliano, onde o autor pretende atingir principalmente o publico feminino.

Buscamos informações nos textos críticos de Maria Pires – História Critica da Literatura Portuguesa (Camilo e a poética do romance), no livro Amor de Perdição, e nos textos dos sites mundocultural.com.br, portalimpacto.com.br.

Camilo utiliza na sua poética uma linguagem popular direcionada principalmente ao público feminino. Buscando dar veracidade ao romance citava fatos reais comprovando-os por meios de documentos daquela época, com a intenção de aproximar os leitores da obra tornando-a significativa para eles.

O autor acreditava na utilidade do romance tanto no plano espiritual quanto no moral, porém, seu principal objetivo era vender livros, pois para ele o melhor romancista de Portugal seria aquele que tivesse muitos leitores que comprassem seus livros e que aplaudissem e não o autor de livros que seriam lidos apenas por críticos os quais publicariam suas críticas em folhetins.

A obra que tornou Camilo Castelo Branco famoso foi o Amor de Perdição, uma novela passional, trágica, narrada em terceira pessoa que pertence a segunda fase do Romantismo ( Ultra - romantismo ). Esta novela possui sentimentalismo, aborda o amor e a morte. Ainda no início do livro comenta o destino trágico do herói Simão que é a morte, “amou, perdeu-se e morreu amado”.

Camilo conseguiu atingir seu objetivo, atingir a fama, com a linguagem popular utilizada por ele, pois o Amor de Perdição tornou-se uma obra muito lida com várias publicações.

Os Romances de cavalaria portugueses, gênero literário originados na canção de gesta francesa. Estes romances de cavalaria alcançaram grande êxito em Portugal e os três ciclos em que classificam estas novelas são ciclo bretão ou arturiano, carolíngio e clássico - foram os primeiros a deixar marcas na literatura portuguesa dos séculos XIII a XVI.

Um comentário:

Pensamento

SER FELIZ É PODER VIAJAR NO MUNDO DA IMAGINAÇÃO ONDE TUDO PODEDMOS.