sexta-feira, 17 de junho de 2011

DESCONSTRUINDO A NOÇÃO DE “LÍNGUA” - Linguística aplicada na África


Introdução

- O problema da África;

- Uso de uma única língua;

- A questão do multilinguismo;

- A concepção de “língua”.

Processos na construção social da língua

Línguas: produto de intervenções sociais e históricas.

Processos subjacentes à construção social das línguas:

O ser humano nasce com a capacidade da linguagem, mas as línguas são produtos de intervenção social e históricas. Considerando as línguas utilizadas na África podemos então comprovar essa intervenção. A Áfricas foi um continente colonizado por vários países, essa colonização teve início por volta do século X a.c. com os fenícios, depois os gregos, romanos, árabes, chegando então a chamada colonização recente da África, que teve início no séc. XIV (ocupação das Ilhas Canárias e a conquista de Celta em 1415).

Em 1624 ocorre a colonização francesa (ocupação do Senegal e áreas a volta do Rio Nilo)

No final do século XVIII ocorre na África a colonização britânica ( estabeleceram territórios coloniais em alguns países da África, no nordeste, no sudeste e no sul do continente africano.

Nesse processo de colonização da África teve ainda os belgas, espanhóis, italianos e os alemães.

Isso fez com que a África tivesse essa variedade de línguas e culturas diferentes, ou seja, resultado das intervenções sociais e históricas.

1. Iconização

retrata essências dos grupos

2. Recursividade Fractal

não define grupos sociais fixos ou estáveis, fornece recursos discursivos e culturais para reivindicar, tentar criar comunidades, identidades, papéis mutáveis em níveis diferentes de contraste, dentro de um campo cultural.

3. Apagamento

Explica fatos inconscientes com o esquema ideológico que está sendo usado

O impacto do letramento não somente na emergência dessas línguas, mas também nos significados sociais que os africanos tinham de suas "próprias" e de outras línguas, notadamente do inglês e do francês.

O fato de o colonialismo ter facilitado o surgimento de línguas na África, não significa que antes dele não havia oralidade neste continente, mas isso faz com que pensamos a língua na áfrica como produto do letramento e do colonialismo.


Língua na África: produto do letramento e do colonialismo.

As escolas que ensinavam o inglês por exemplo, também ensinavam a ler, escrever e o cristianismo.

A noção de língua em Linguística Aplicada e o público leigo



Em LA, devemos levar em consideração não apenas os pressupostos sobre "língua", mas também como os discursos sobre "língua" são compreendidos pelos usuários leigos da linguagem e o que refletem.

Ter uma língua significa então ter comida, água limpa, energia, de modo que o acesso a elas produz benefícios cognitivos e materiais.

Em um levantamento das línguas na África subsaariana, Samarin (1996: 390) aponta que a África é:



“...um continente sem línguas. Certamente, os africanos usaram a linguagem em um sentido linguístico para se comunicar entre si...”

Samarim sugere que antes da colonização, da introdução do evangelismo cristão e do letramento, a noção de língua como marca de identidade social não existia.

PRESSUPOSTO 1

A função primária da linguagem é transmitir informação factual

- Metáfora do Conduto;

- Línguas nativas como línguas cristãs;

- Quão autênticas são essas línguas nativas?

- O impacto do cristianismo nas línguas africanas.

PRESSUPOSTO 2

As línguas existem ontologicamente fora de um evento comunicativo

Estruturalista – Segregacionista

A tradição estruturalista na linguística africana reflete crenças sobre como se pensava que as línguas eram faladas e não como elas o são na verdade.

Causa de pressões para que a linguística fosse vista como objetiva: natureza socialmente minimizada.





No contexto africano: o conhecimento natural e o conhecimento natural transformado em uma descrição oficial da língua em questão.

PRESSUPOSTO 3

As línguas compreendidas como constituídas de unidades e o linguacismo duplo

- Noção de linguacismo duplo.

- Determinar a língua a qual um enunciado pertence não é um problema típico de línguas menos conhecidas.

- É um problema experimentado também por línguas “mais importantes”, tais como o inglês.

- Pidgin ou língua de contato.

- As línguas africanas, assim como as línguas europeias, representam variedades que não são faladas por ninguém.

- Na padronização das línguas européias “continuum”, enquanto na África foram combinações de forma oral agregadas por missionários e seus linguistas.

Censo

A ideologia do censo baseia-se no pressuposto de que as línguas podiam ser separadas de outras formas de comportamento e numeradas em termos de número de falantes de cada língua.

PRESSUPOSTO 4

As línguas tem nomes

Letramento e política: papel importante na nomeação das línguas africanas.

A nomeação foi iniciada por pessoas não-africanas letradas em línguas europeias e árabes

Processo era arbitrário.

Do conhecimento local para a Linguística Aplicada

- O conhecimento local;

- Perspectiva dos linguistas x perspectiva dos falantes;

- As histórias das pessoas leigas.

Considerações Finais

“Mas já que somos quem somos, não podemos sair de nós mesmos completamente. O que quer que façamos, permanecemos como subpartes do mundo com acesso limitado à natureza verdadeira do resto do mundo e de nós mesmos.”

(NAGEL, 1986, p. 6)



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