sexta-feira, 5 de novembro de 2010

LINGUÍSTICA APLICADA

LINGUÍSTICA APLICADA
Não é fácil definir Linguística Aplicada, pois segundo Maria Antonieta Alba Celani, isso vem sendo feito desde o século XIX, e, esta dificuldade permanece atualmente. Há relatos de que a LA em 1941, duas décadas depois surgiu na Europa, e nos Estados Unidos três décadas passadas. No Brasil, ela surgiu com o Programa de Estudos Pós-Graduação em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1970. Mas sabemos que o estudo da LA como ciência teve início em 1973, com Pit Corder. Infelizmente esta ciência não é valorizada como ciência pura.
Mesmo diante de tanta dificuldade, a LA está sendo adotada como ensino/aprendizagem de língua estrangeira e materna, aplicações do estudo da linguagem a qualquer área de interesse prático e aplicações das pesquisas em lingüística teórica, ela é também sociolingüística, psicolinguística, lexicografia, tradução, lingüística contrastiva, lingüística computacional, estilística, letramento e outros. Tendo como base os estudiosos lingüistas, Alba Celani comenta a LA como consumo e não como produção de teorias, pois é uma disciplina que engloba várias matérias: a gramática, a antropologia, a cibernética, a física, a crítica literária, a sociologia e a tradução. A multidiciplinaridade existe para resolver problemas relacionados com a linguagem, no entanto quem decide se há problema ou não é o usuário da língua e não o lingüista (Crystal – 1981).
No ano de 1990 é fundada a Associação de Linguística Aplicada do Brasil, na tentativa de definir a LA que se torna independente da Linguística deixando para trás a ideia de ensino de língua estrangeira, passando a atuar em outras áreas. No novo milênio ela é considerada uma disciplina que estuda os usos da linguagem nos mais variados contextos sociais, o foco principal é investigar a relação da linguagem e os contextos de ação humana, como é utilizada nos diversos contextos sociais, ou seja, como a linguagem acontece nas mais variadas situações do mundo real.
Considerando que a LA é mediadora de mudanças na sua comunicação com a coletividade é importante na resolução de problemas educacionais, social, política e econômica, desta forma é articuladora de múltiplos domínios do saber, dialogando com vários campos que se preocupam com a linguagem.
Sabemos que o Brasil enfrenta vários problemas com a educação, apresentando um grande número de analfabetos, iletrados impossibilitados de dar ou receber informações, cabe portanto a LA tentar solucionar estes problemas, para isso examina o impacto de forças sociais, econômicas e políticas na teoria/prática de ensino/ aprendizagem de línguas. Devido as variantes dialéticas menos privilegiadas, ocorrem conflitos entre a linguagem do professor e a do aluno, o que não deve acontecer, pois a linguagem é fundamental na preparação do indivíduo para o trabalho e para a vida social, por isso a LA preocupa-se em desenvolver no aluno um senso lingüístico, onde ele vê, sente, interpreta a linguagem como algo que está inserido na sua vida de cidadão, de ser humano.
As políticas educacionais brasileiras são de responsabilidade do Ministério da Educação com Base na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), entretanto, o Ministério da Educação, de um modo geral não é representado por pedagogos, e sim por políticos, desta forma para se implementar mudanças na educação é sempre necessário o convencimento dos políticos, o que particularmente não é muito fácil, para complicar um pouco mais essa situação as políticas educacionais são afetadas pelas políticas econômicas e sociais, o que nem sempre possui uma mesma linha de raciocínio.
A lingüística aplicada é uma articuladora dos múltiplos domínios do saber e está em constante diálogo com vários campos que têm preocupação com a linguagem, tornando-se mediadora da coletividade, desta maneira o trabalho com linguagem é fundamental na escola, pois é preparadora de indivíduos para atuarem como cidadãos. A L.A. não se preocupa apenas em ensinar a língua, mas em desenvolver o senso lingüístico fazendo com que o aluno interprete e desenvolva a linguagem.
Ligada a área educacional brasileira a L.A. está intimamente preocupada com a Formação de Docentes e considera de suma importância as questões pertinentes na graduação onde deve acompanhar a formação do graduando do começo ao fim, em serviço considera de grande valor o nível do professor e fornece-lhe instrumentos básicos conceituais e operacionais e na pós-graduação a L.A. onde se concentram as pesquisas é fundamental que se desenvolva nos professores uma conscientização política em relação aos problemas inerentes a linguagem e sua contextualização social.
Em se tratando de práticas pedagógicas a L.A. se destaca em três aspectos: interação em sala de aula que é o lugar onde se processa a aprendizagem e prepara o indivíduo para o exercício da cidadania e para o trabalho, neste contexto as áreas que mais se destacam são a análise crítica e o discurso; produção de programas e de materiais de ensino, neste campo de trabalho a L.A. obteve grande avanço, pois colocou em questão a inadequação dos materiais padronizados, tanto para língua materna como para a língua estrangeira; a avaliação é uma área onde a L.A. atua com amplitude de interesses e conhecimento especializado, pois os critérios da avaliação devem fazer parte de qualquer projeto ou política educacional. Aos que se dedicam a L.A. precisam ter maior presença em associações e fóruns de debates que enfoquem a questão política educacional, pois o ensino de línguas tem suma importância nas políticas educacionais que por muitas vezes é pouco esclarecida.

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