sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ARCADISMO (poema de Tomás Antônio Gonzaga)

O arcadismo neoclássico tem como característica o bucolismo (poesia campestre) e a idealização da realidade da vida na natureza. No poema de Tomás Antônio Gonzaga, estas características ficam visíveis por se tratar do cotidiano da época, e da vida do homem do campo. “Tenho próprio casal e nele assisto; dá-me vinho, legume, fruta, azeite e mais as finas lãs, de que me visto.” “É bom, minha Marília, é bom ser dono de um rebanho.” (p. 165)
O homem idealizado representado no poema é completamente desprendido de bens materiais, apaixonado pela natureza, “Já destes bens, Marília, não preciso [...] Para viver feliz, Marília, basta que os olhos movas, e me dês um riso.” (p. 166)
A preocupação na escolha das palavras relacionadas com a natureza representa o pastoralismo onde ele rima floresta com quente sesta, pastores com louvores, campinas com boninas, morte com serra e sorte com terra.
Podemos comparar o poema de Gregório de Matos, A Jesus Nosso Senhor, com o de Gonzaga, ambos fogem da literatura clássica dando lugar a literatura arcaica. Devemos aproveitar o momento, viver o dia, (Carpe Diem) a efemeridade da vida; viver o amor, as situações do momento, cometer todos os pecados que desejarmos na certeza de que seremos perdoados.
O poeta utiliza de uma linguagem simples, fácil de entender, mais uma das características do arcadismo.
Há presença de diálogo no poema que é também endereçado à Marília, podemos comprovar isso através dos versos “É bom, minha Marília, é bom ser dono de um rebanho, que cubra o monte e prado; porém, gentil pastora, o teu agrado vale mais que um rebanho e mais que um trono.” (p. 165). O endereçamento e a presença de diálogo são comuns no arcadismo.
O autor fala da aparência, dos dotes que possui, da valentia. “Eu vi meu semblante numa fonte”, é apenas aparência externa, superficial, “Com tal destreza toco sanfoninha” e “Nem canto letra que não é minha” são dotes e qualidades que não revelam que tipo de homem ele é. Percebemos a admiração que ele tem por Marília, porém não nos permite conhecer o seu psicológico.
Um poema neoclássico que não apresenta o “eu” do autor. O que se destaca no poema é a exaltação da natureza a qual ele compara com a beleza de Marília. Mesmo utilizando uma linguagem simples o autor preocupa-se com as rimas, com os temas que são relacionados com a realidade da vida cotidiana das pessoas. Deixa de lado a poesia clássica, porém mantém recursos formais próprio da poesia popular, a linguagem simplificada.
O ideal de vida simples e tranquila são encontrados no poema nos versos 5, 6, 7, 8 na p. 166, já citados no início deste texto, ou ainda, nos versos 51, 52, 53, 54, “Irás a divertir-se na floresta, sustentada, Marília no meu braço; aqui descansarei a quente sesta, dormindo em leve sono em teu regaço;” (p. 166).

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